Policiais que agrediram advogada em SC continuam trabalhando nas ruas durante investigação, diz PM
13/11/2024
OAB pediu afastamento dos militares, mas não foi atendida. Ministério Público e Polícia Civil apuram o caso, ocorrido em Içara. Vítima de violência diz estar 'extremamente fragilizada'. Advogada e servidora do MP são agredidas por PMs estacionamento de mercado de SC
Os militares filmados agredindo uma advogada e a mãe dela continuarão trabalhando nas ruas enquanto aguardam a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM), informou a corporação nesta quarta-feira (13). A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) havia pedido o afastamento dos investigados durante a investigação, mas não foi atendida.
Nesta quarta, OAB informou que vai ingressar com pedido judicial para afastamento dos militares, caso o pedido não seja acatado pela corregedoria.
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O caso aconteceu no sábado (9). Um vídeo gravado por testemunhas mostra a violência contra Aline Borges da Silva e a mãe dela, Simone Silva Borges (assista acima). O Estado disse que mantém a posição divulgada pela Polícia Militar em nota (leia abaixo).
A reportagem não teve acesso aos nomes dos militares envolvidos e a defesa deles, mas procurou a Associação de Praças do Estado de Santa Catarina (APRASC) e aguarda retorno.
Em entrevista ao g1, Aline disse que está "extremamente fragilizada, emocional e fisicamente". Também relatou que foi chutada, atacada com gás de pimenta no rosto, imobilizada com um joelho no pescoço e chegou a perder uma unha ao ter os dedos torcidos.
A mãe dela, servidora do Ministério Público, também foi atingida por tapa no rosto, choque elétrico e empurrões. Moradora do Rio Grande do Sul, Aline estava de passagem por Santa Catarina. O Ministério Público catarinense (MPSC) abriu um procedimento extrajudicial para apurar agressões.
Após as agressões, Aline e a mãe foram levadas para prestar esclarecimentos na delegacia. A Polícia Civil disse que elas foram liberadas após registro de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por resistência e desacato contra os policiais.
Advogada e servidora do MP são agredidas por PMs
'Extremamente fragilizada', diz advogada agredida
MP abre procedimento extrajudicial
Como começou
Ao g1, Aline explicou que viu uma abordagem policial feita pelos militares no mercado, e se aproximou para acompanhar o caso, conforme prerrogativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Ela foi questionada sobre o que estava fazendo e, em seguida, atacada com gás de pimenta no rosto, sem justificativa. O namorado e a mãe dela tentaram intervir. Ele também foi atingido pelo gás.
"Após ver que minha mãe estava sendo extremamente agredida e que não chamariam a OAB pedi para ir à delegacia fazer exame de corpo e delito e prestar esclarecimentos de que não houve qualquer desacato ou desobediência apenas a exigência dos meus direitos legais", afirmou.
Advogada e servidora do MP são agredidas por PMs estacionamento de mercado de SC
Arquivo Pessoal/Divulgação
Marcas pelo corpo
A advogada fez um exame de corpo e delito na segunda-feira (11). Em imagens encaminhadas à reportagem é possível ver hematomas e cortes no rosto, braços e mãos.
"Me senti sem voz e sem direitos, ameaçada e intimidada, vítima de abuso de poder", afirmou a defensora.
Agora, o caso está na delegacia de Içara. Na terça, a reportagem procurou o delegado responsável pelo caso, mas não houve retorno.
Advogada do RS sofreu lesões ao acompanhar ocorrência da PM em SC
Aline Borges/Arquivo Pessoal
O que disse a PM
1. Na noite deste sábado, 9, guarnições da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) do 29° Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Içara, foram acionadas para atendimento a uma ocorrência de injúria ou comunicação falsa de crime em um estacionamento de um supermercado, onde a princípio uma funcionária de um supermercado e um cliente haviam se desentendido. Este estaria supostamente injuriando a trabalhadora.
2. As atitudes dos policiais estão sendo investigadas ao deterem duas mulheres que se envolveram durante o atendimento da primeira ocorrência. Elas acabaram sendo conduzidas à Delegacia de Polícia Civil, juntamente com as outras partes da primeira ocorrência.
3. Um Inquérito Policial Militar foi instaurado pelo Comando do 29º BPM para apuração dos fatos.
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